Carpas!

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Dinho Matteucci e uma linda carpa húngara.

CARPAS são muito importantes aqui e também mundo afora. São valorizadas como alimento, utilizadas como peixes de criação e bastante procuradas na pesca. Há, inclusive, uma modalidade de pesca só para elas: o carpfishing.

Com efeito, o Brasil já tem alguns expoentes nessa modalidade. É o caso dos pescadores Dinho Matteucci e Ruy Rocha Fonseca, que pescam carpas há muitos anos e se especializaram nessa espécie.

Com toda a certeza há vários outros feras por aí na pescarias de carpas, basta pesquisar e verás que a modalidade tem ganhado cada vez mais adeptos. Gente que entende muito dessa pescaria.

Como se trata de uma modalidade interessante (e muito técnica também) no futuro faremos uma matéria única e exclusiva sobre o carpfishing. Aguardem.

Hoje, no entanto, falaremos apenas sobre as diferentes espécies de carpas encontradas por aqui. E, como você já deve saber, não são poucas.

HISTÓRIA

Pra começar, a carpa é o nome usado para alguns gêneros e espécies de peixes de água doce da família Cyprinidae, a maior de peixes de água doce do mundo.

São originárias do Oeste asiático e se espalharam pela China, Sibéria e a bacia do rio Daníbio. Foi a primeira espécie de peixe registrada na história como objeto de criação, então este fato por si só já mostra a importância da carpa para o ser humano. Estão espalhadas por todos os Continentes e em pelo menos 60 países diferentes, sendo o peixe mais cultivado no mundo.

Na Europa são muito apreciadas, tanto na culinária, quanto na pesca esportiva. Nos Estados Unidos, entretanto, são consideradas peixes invasores e pouco valorizadas. Na Nova Zelândia a situação é ainda mais conturbada, pois as carpas são tidas como nocivas e há recomendações, inclusive, para abate quando pescadas.

Já existem estudos em andamento com evidências de que a carpa pode fazer mal ao ecossistema fluvial, pois deixam a água turva e destroem a vegetação submersa de alguns locais. Isto se deve ao fato das carpas procurarem alimento no fundo do seu habitat, revirando o substrato em busca de comida. No Brasil as carpas foram bem aceitas na pesca, mas não são muito apreciadas na culinária.

CARACTERÍSTICAS

Resistentes, as carpas conseguem sobreviver desde lagos quase totalmente congelados até em locais com altas temperaturas. Gostam de lagos com águas calmas e com o fundo rico em sedimentos. São capazes de tolerar água com níveis de oxigênio bem baixos, engolindo ar na superfície.

São excelente reprodutoras, pois produzem muitos ovócitos. Uma única carpa pode gerar mais de 1 milhão de ovos por ano. Em compensação, muitos alevinos morrem vítimas de fungos, bactérias e predadores (peixes maiores, aves, etc).

Têm grande tendência a produzir novas espécies quando utilizadas em cruzamento induzido ou até mesmo por influência do meio ambiente.

Vejamos algumas das espécies encontradas aqui no Brasil:

CARPA ESPELHO

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Dinho Matteucci segurando uma belíssima carpa espelho.

A carpa espelho é uma subespécie da espécie Cyprinus carpio. Alguns pescadores a confundem com a carpa húngara, mas há uma diferença bem clara entre elas: o tamanho das escamas e a forma como elas estão espalhadas pelo corpo do peixe.

A carpa espelho tem escamas grandes, desiguais e espalhadas com falhas pelo corpo. Já a carpa húngara tem escamas menores, uniformes e sem falhas ao longo do corpo do peixe.

Essa espécie cresce bastante, ultrapassando 1 metro de comprimento e 40 quilos de peso, principalmente se estiver solta no meio ambiente. Nos pesqueiros tal potencial dificilmente é atingido.

Se alimenta de zooplâncton e organismos de fundo, como minhocas, larvas de insetos e pequenos moluscos. Sua carne não é muito apreciada.

CARPA HÚNGARA

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Ruy Rocha Fonseca com um grande exemplar de carpa húngara.

Enquanto a carpa espelho tem escamas de diferentes tamanhos e espalhadas pelo corpo com falhas, a carpa húngara tem escamas pequenas e de tamanhos iguais (vide foto acima).

Cresce rapidamente e quando adulta pode pesar mais de 8 quilos. Sua alimentação é igual à da carpa espelho.

CARPA CAPIM

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Ruy Rocha Fonseca e uma carpa capim de respeito.

Identificar uma carpa capim é relativamente fácil. Ao contrário das demais espécies, essa carpa tem o corpo mais alongado e fino do que as outras. Seu dorso é cinza escuro e os flancos claros. Seu principal alimento é, como o próprio nome já diz, a grama.

A carpa capim alimenta-se de plantas aquáticas submersas e de grama em grande quantidade. Isso explica, inclusive, por que tantos piscicultores a utilizam em seus tanques. Eles a colocam lá para comer as plantas que crescem nos lagos.

Honra o nome que tem e é muito resistente. Tolera temperaturas que variam de zero a 38ºC, bem como níveis de oxigênio extremamente baixos. Pode alcançar mais de 1,5 de comprimento e mais de 45 quilos de peso. É uma espécie muito bonita e desejada pelos pescadores esportivos.

CARPA CABEÇUDA

Dinho Matteucci posando com uma carpa cabeçuda de grande porte.

Também chamada de carpa cabeça grande, esta espécie tem ¼ (um quarto) de seu corpo representado apenas por sua cabeça. Eis, obviamente, o motivo do seu nome.

Suas escamas são pequenas e sua boca bem grande. Quando dizemos que sua boca é grande, é por que é realmente grande. Pra ilustrar bem essa ênfase segue uma foto que vale mais do que mil palavras:

Dinho Matteucci soltando uma carpa cabeçuda.

Essa carpa se alimenta de organismos aquáticos, tais como microalgas, rotíferos e pequenos crustáceos. É um peixe filtrador, isto é, bombeia água para dentro da boca e filtra o seu alimento, assim como faz o tubarão baleia. É uma espécie muito interessante e bonita.

Como você pode ver, há no Brasil diversas espécies de carpas e todas elas, independente do que dizem por aí, merecem nosso respeito. São grandes, bonitas, fortes e excelentes de serem pescadas!

E aí? Gostou da matéria? Então acompanhe o Blog e Bóra Pescar!!!

Texto: Marcelo Paste
Fotos: Dinho Matteucci e Ruy Rocha Fonseca.