OS TIPOS DE PRAIAS

Imagine a cena: um amigo liga para você e fala: “Bóra Pescar na praia?” Você não hesita e responde: “Partiuuu!”.

Só tem um problema: você não perguntou em que tipo de praia vocês iam pescar e nem se importou muito com isso, pois ainda não sabe diferenciar os tipos de praias.

Chegando no local (uma praia rasa) você montou seu material, arremessou e um minuto depois sua chumbada já estava na beirada. Arremessou de novo e passados alguns segundos a situação se repetiu.

Não pegou nenhum peixe e começou a ficar encucado. Aumentou o peso da chumbada, mas o arremesso saiu curto porque a vara que está usando não aguenta chumbadas mais pesadas.

E, pra piorar, viu que tem gente do seu lado pegando peixe a rodo.

Talvez essa cena não se aplique a você, mas com certeza tem muita gente que passa por isso.

E o motivo é simples: a falta de conhecimento sobre os tipos de praias existentes e o material adequado para cada uma delas.

Afinal, uma das primeiras coisas que um pescador de praia precisa saber é que existem diferentes tipos de praia.

Ao saber isso fica mais fácil escolher o material adequado para cada uma delas e as chances de pegar mais peixes aumenta (e muito). Ou seja, tudo fica mais fácil e, por consequência, a pescaria também se torna mais divertida.

Sendo assim, se você se enquadra nessa situação, não vá embora. Continue conosco que nesta matéria vamos mostrar os tipos de praia existentes e explicar cada um deles.

Preparado? Então vamos lá.

PRAIAS RASAS:

Esse tipo de praia é o mais comum no Brasil. O nome dá a impressão que a praia rasa é somente rasa, mas é só impressão mesmo.

As praias rasas receberam esse nome porque começam rasas e vão ganhando profundidade conforme a distância. Ou seja, quanto mais você adentra nelas, mas profundas elas ficam.

Além disso, nesse tipo de praia as ondas quebram mais ao fundo e os canais podem ser vistos e identificados com relativa facilidade:

A quantidade de canais dependerá de cada praia, mas o mais comum é identificarmos com facilidade algo entre 3 a 6 canais. Como identificá-los, no entanto, é um assunto que será tratado em outra matéria.

As praias rasas costumam ter uma longa faixa de areia fina, firme e geralmente escura, sem declives. Ou seja, são retas como essa abaixo:

São também praias cujos alagamares são vistos e identificados facilmente, bem como identificados no verão pelos salva-vidas com placas de “perigo”:

Caso você ainda não saiba identificar um alagamar, seguem dois vídeos que irão te ajudar:

 

Por fim, são praias cujo fundo se altera constantemente e forma, inclusive, diversos buracos, os quais são ótimos para os peixes se abrigarem e péssimos para os banhistas pisarem.

É muito comum, portanto, andar nas praias rasas e sentir que a profundidade caiu e aumentou de novo alguns passos depois.

PRAIAS DE TOMBO:

As praias de tombo possuem a areia grossa, fofa e geralmente mais clara. É o tipo de praia que você caminha com dificuldade porque seus pés afundam conforme você pisa na areia.

É também uma praia cuja profundidade é sentida assim que você entra na água. É por isso, inclusive, que nesse tipo de praia não é preciso fazer arremessos longos.

Afinal, o primeiro canal fica atrás da onda que quebra na beirada e normalmente já apresenta uma profundidade considerável:

Os pescadores mais experientes já sabem disso e exploram esse primeiro canal com maestria. Eles sabem que é comum os grandes exemplares de betaras, pampos e outros peixes virem até a beirada – exatamente nesse 1º canal – para fuçar a areia e encontrar alimento, como sarnambis e tatuíras.

São praias muito boas para a pesca, mas que demandam um certo cuidado por parte do pescador, pois grandes ondas quebram com força na beirada.

Logo, é preciso tomar precaução na hora do arremesso e também no momento da retirada de peixes, caso contrário a chance de tomar um caldo e molhar o material é bem grande.

PRAIAS MISTAS OU INTERMEDIÁRIAS:

Como o próprio nome já diz, as praias intermediárias reúnem características dos dois tipos de praias anteriores.

Possuem areia grossa e fofa, bem como um leve declive que lhe rende, num primeiro momento, o aspecto de uma praia de tombo.

Contudo, ao final desse flanco você notará que haverá mais uma faixa de areia, com areia mais fina e dura, e que o mar apresentará o perfil de praia rasa, com a profundidade aumentando aos poucos conforme a distância.

Eis aí a razão pela qual são chamadas intermediárias ou praias mistas. Afinal, não são praias rasas, nem de tombo. Estão no meio do caminho entre uma e outra.

ENSEADAS:

Enseadas são praias que possuem uma curvatura em forma de arco ou seio. Possuem águas muito calmas e sem arrasto ou correnteza. Ondas são bem raras nesse tipo de praia e vistas somente em dias de ressaca do mar ou então quando o vento está muito forte.

São praias cuja profundidade aumenta gradativamente e de forma consistente, ou seja, sem a existência de canais muito profundos, alagamares ou poções.

De areia bem branquinha e relativamente fina, são ótimas para crianças e banhistas, mas muito piscosas também. Exigem, no entanto, arremessos bem longos.

PRAIAS ABRIGADAS:

Assim como as enseadas, as praias abrigadas possuem o mar calmo, praticamente sem ondas, correnteza e arrasto, exceto, é claro, em dias de ressaca ou vento forte. Mesmo assim são ondas pequenas e correnteza/arrasto bem fracos.

A profundidade delas também segue a mesma regra das enseadas: aumenta gradativamente e sem interrupções por buracos, poções e alagamares.

A grande diferença entre elas (as enseadas e as praias abrigadas) é que as praias abrigadas recebem esse nome por terem morros aos seus lados que as protegem do vento.

Além disso, não possuem aquele formato de arco ou seio, característico das enseadas. São apenas um braço do mar que ficou protegido por conta da existência de terrenos altos dos lados. E o que é melhor: são ótimas praias para pescar.

E aí? Gostou da matéria sobre os tipos de praias?

Em breve falaremos sobre o material adequado para os tipos de praias explicados aqui, como o tamanho das varas, molinetes, espessura das linhas, tipos de anzóis, etc. Será uma matéria imperdível, principalmente para quem está começando na pesca de praia!

Então acompanhe o Blog e Bóra Pescar!!!

Texto e fotos: Marcelo Paste