Não, você não está comendo salmão verdadeiro…

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Foto ilustrando a diferença entre salmões (o selvagem à esquerda e o de cativeiro à direita)

ESTAMOS SENDO ENGANADOS

Sentimos muito em informar, mas sim, muito provavelmente estamos todos sendo enganados sobre o consumo de salmões. E o pior: além de não estarmos consumindo salmões verdadeiros, não estamos sendo avisados disso e estamos consumindo peixes que podem nos fazer mal. Não sabemos como você está digerindo essa informação, mas nós, do Bóra Pescar, ficamos estarrecidos após pesquisar o assunto para escrever essa matéria.

E já não é de hoje que identificamos propagandas enganosas no ramo da pesca, mais precisamente na venda de pescados. Há, inclusive, vídeos no Youtube alertando que há mercados e peixarias vendendo pangas , por exemplo, como se fossem linguados:

 

Muito embora já estejamos cientes de que alguns pescadores, peixarias e comerciantes são desonestos, ao sabermos que isso também acontece no comércio de salmões nós ficamos decepcionados. E revoltados.

O QUE ESTAMOS CONSUMINDO ENTÃO?

Na melhor das hipóteses estamos comprando e consumindo salmão criado em cativeiro. Na pior das hipóteses estamos comprando e consumindo truta salmonada. Sinceramente não sabemos dizer qual dessas hipóteses é a melhor ou pior, pois ambas são muito ruins.

A truta salmonada e o salmão de cativeiro não possuem as mesmas qualidades nutricionais do salmão selvagem. Ou seja, não possui nutrientes como ômega 3, vitaminas A, D, E e do complexo B, magnésio, ferro, presentes em abundância no salmão selvagem. Tais nutrientes são praticamente nulos na truta salmonada e no salmão de cativeiro.

Para piorar, a truta salmonada ou o salmão de cativeiro só possuem aquela cor laranja forte graças ao uso de corantes, tais como a Astaxantina e a Cantaxantina, que são produtos sintéticos, derivados do petróleo, os quais, se consumidos em grandes quantidades, podem causar problemas de visão, bem como alergias.

Como se não bastasse, há estudos informando que os salmões de cativeiro do Chile, um dos maiores produtores e fornecedores de salmões do mundo, possuem PCB (bifenil policlorado), um composto que é associado à dioxina, um potente cancerígeno. Ato contínuo, no Brasil os cativeiros não tem fiscalização alguma e nem tampouco no Chile de onde vem a maior parte deste peixe vendido no Brasil.

Em outras palavras, além de diversos fornecedores dessa espécie não estarem sendo honestos com os consumidores e infringindo a Lei (Código de Defesa do Consumidor), há estudos apontando que os “salmões” que estamos comprando e consumindo podem fazer mal à nossa saúde.

TEM SALMÃO VERDADEIRO NO BRASIL?

No Brasil não existe salmão verdadeiro na natureza, pois ele é um peixe peixe de águas frias, de países como a Noruega, o Canadá e o Alasca. Trata-se de uma espécie que passa parte da vida na água doce e parte na salgada na natureza:

O que o Brasil tem é o salmão importado de outros países, principalmente do Chile, de onde saem metade dos salmões consumidos no mundo. Sendo assim, você até pode encontrar salmão verdadeiro aqui, mas proveniente de outros países.

No entanto, é importante lembrar que o salmão é um produto caro devido ao custo de transporte e importação. Sendo assim, é pouco provável que esteja disponível em todos os lugares. Além disso, 99% das vezes que ele é encontrado aqui para ser comprado trata-se da espécie não silvestre. Ou seja, não é um peixe que se desenvolveu de maneira livre na natureza, comendo outros peixes, algas e crustáceos. O salmão comercializado no Brasil é aquele que foi criado em cativeiro e que comeu ração cheia de antibióticos para crescer mais rápido e, por consequência, aumentar o lucro dos criadores. 

Para piorar, os salmões criados em cativeiro tem sua carne colorida artificialmente, graças aos corantes inseridos na ração dos peixes.

DE ONDE VÊM A COR DO SALMÃO VERDADEIRO (SELVAGEM)?

Os salmões selvagens, também chamados de salmões verdadeiros, têm sua carne avermelhada por se alimentar de krill e camarão, os quais são ricos em astaxantina, um caratenóide (antioxidante natural) que combate aos radicais livres que causam o envelhecimento das células. Além disso, esse antioxidante ajuda a prevenir doenças cardiovasculares, inflamatórias e ainda atua no sistema imune.

Tal substância também é responsável por conferir a cor vermelha, laranja ou amarela a vegetais, como por exemplo o tomate, a cenoura e a abóbora, entre outros.

COMO SABER SE O SALMÃO É VERDADEIRO?

A autenticidade do salmão pode depender de vários fatores, como a origem do peixe e o método de criação. Aqui estão algumas dicas que podem ajudá-lo a determinar se o salmão é genuíno:

  • Origem: Verifique a origem do peixe e escolha aquele que vem de fontes confiáveis. Por exemplo, o salmão do Atlântico é frequentemente criado em fazendas de peixes, enquanto o do Pacífico é geralmente selvagem. O salmão selvagem costuma ser mais caro do que o de fazenda.
  • Cheiro: O salmão fresco deve ter um cheiro suave e salgado. Se o peixe cheirar mal, pode ser um sinal de que não está fresco ou pode ser outro tipo de peixe.
  • Cor: O salmão fresco deve ter uma cor rosa-alaranjada brilhante. Se o salmão tiver uma cor desbotada ou esbranquiçada, pode ser um sinal de que foi tratado com corantes artificiais.
  • Textura: O salmão fresco deve ter uma textura firme, mas macia e deve se desfazer facilmente em lascas. Se a carne estiver muito macia ou com uma textura viscosa, pode ser um sinal de que não está fresco.
  • Certificação: Procure por selos de certificação de terceiros, como o selo do Marine Stewardship Council (MSC), que garante que o peixe foi pescado de maneira sustentável.

CONCLUSÃO:

Infelizmente não estamos comendo salmão verdadeiro aqui no Brasil. O salmão selvagem é muito raro e caro, principalmente em nosso país. Os salmões que temos à disposição aqui são de cativeiro ou então são trutas salmonadas que são vendidas como se fossem salmões. E o pior: além de sermos enganados, ainda pagamos mais caro por isso, pois compramos um peixe achando que é outro. O custo da truta salmonada é inferior ao do salmão verdadeiro.

Além da propaganda enganosa, ainda corremos o risco de prejudicar nossa saúde, pois os peixes de cativeiro são alimentados com rações cheias de corantes, antibióticos e gordura. Ou seja, há um risco no consumo além do custo elevado cobrado para entregar diferente do que se espera.

DICAS PARA “NÃO COMPRAR GATO POR LEBRE”:

Se mesmo após nosso artigo um anto quanto tenebroso você desejar continuar consumindo salmões, procure escolher um fornecedor confiável e de alta qualidade para garantir que você esteja comprando um produto autêntico e seguro para consumo. Caso não consiga achar um fornecedor confiável, aqui vão duas dicas para lhe ajudar:

1ª) Preço: os salmões verdadeiros são bem caros, então se você encontrar um peixe cujo preço por quilo é relativamente barato, desconfie;

2ª) O peixe de criadouro não resiste bem quando enlatado. Desta sorte, o salmão em lata provavelmente é verdadeiro.

Esperamos ter ajudado!

Um abraço,

Marcelo Paste

Fontes:

  1. https://www.santacatarina24horas.com/voce-sabia-que-truta-salmonada-e-o-salmao-falsificado/
  2. https://www.nytimes.com/2015/10/29/science/though-labeled-wild-that-serving-of-salmon-may-be-farmed-or-faux.html
  3. https://www.pesca.sp.gov.br/blog/ip-na-midia-16/tem-salmao-verdadeiro-no-brasil-confira-isto-salmao-verdadeiro-8877
  4. https://globoesporte.globo.com/eu-atleta/nutricao/guia/polemica-do-salmao-o-peixe-criado-em-cativeiro-nao-faz-bem-saude.html